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01 junho 2012


A fotografia experimental do Brasil em exposição no Paço

115 imagens da coleção Itaú



‘Leme’ (2002) integra a Coleção Itaú de Fotografia Brasileira. A mostra será exposta no Paço ImperialCLAUDIO EDINGER / DIVULGAÇÃO

‘Leme’ (2002) integra a Coleção Itaú de Fotografia Brasileira. A mostra será exposta no Paço Imperial
Foto: Claudio Edinger / DivulgaçãoRIO - Longos cílios escorrem como lágrimas pelo rosto de uma mulher. Uma forma parece surgir em traços sobre o concreto. As duas imagens, fotografias de Cris Bierrenbach e de Geraldo de Barros, respectivamente, devem "dialogar" na mostra da Coleção Itaú de Fotografia Brasileira que o Paço Imperial inaugura nesta quinta, às 19h. As mesmas 115 imagens, de 56 artistas, acabam de voltar de Paris, onde foram exibidas na Maison Européenne de la Photographie.

De Geraldo a Lenora de Barros
A curadoria da exposição, de Eder Chiodetto, não segue cronologia — daí permitir diálogos a princípio improváveis entre dois momentos que seriam, segundo ele, os principais da fotografia experimental brasileira, o moderno e o contemporâneo. 
Chiodetto defende uma "visão elíptica" da História. Diz não acreditar na "caretice de ver a História como algo linear" e busca, na exposição, a "porosidade" de contextos e linhas estéticas. Assim, ele une contemporâneos (fotógrafos do período pós-ditadura) a modernos (entre as décadas de 1940 e 1960, ou que sofrem, como ele diz, de um "modernismo tardio" e acabam por ser uma das alavancas do concretismo).
Entre os dois momentos, precisamente durante a ditadura, a fotografia experimental arrefece. Há, dessa época, poucos exemplares, como duas imagens, de Carlos Zilio e Boris Kossoy, expostas na Sala 13 de Maio — escolhida pelo curador por ser o local onde a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea.
De antes do golpe militar, há imagens emblemáticas dos anos 1940, como a foto "Homenagem a Paul Klee, Tatuapé, São Paulo SP" (1949), em que Geraldo de Barros interfere e arranha o negativo.
— É com ele e com o Foto Cine Clube Bandeirante (fundado em 1939) que a fotografia deixa de se reportar à pintura acadêmica para encontrar linguagem própria — diz Chiodetto.
Depois do hiato da ditadura, o experimentalismo ressurge e revela nomes importantes como o de Lenora de Barros (aliás, filha de Geraldo de Barros), Cris Bierrenbach e Cássio Vasconcellos, entre outros.
— É aí que ficam ainda mais fortes as experimentações, despreocupadas com o registro de algo real. A fotografia é construída, como uma encenação para a câmera.

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