FOTÓGRAFO "ESPALHA" ROSTOS DE MÃES PARA CHAMAR A ATENÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA NA VENEZUELA
Exposição traz fotos de 52 mães que perderam filhos por conta da violência do país
Os rostos foram expostos por meio de grandes fotografias em preto e branco fixadas em muros da capital. A iniciativa do francês chama a atenção de quem passa pelos locais onde as obras são expostas, pois mostra pessoas desconhecidas marcadas por verdadeiros dramas pessoais.
“Quando você perde um filho, passa a olhar o sol com indiferença. Esse sol que sai todos os dias ainda que queira ficar às escuras. Esse sol é indiferente à nossa dor e nos mostra que a vida segue ainda que estejamos mortas”, declarou Bebeka Pichardo, uma das personagens do ensaio, que perdeu seu filho de 24 anos em 2010.
Entre as mulheres que foram retratadas pelo artista, há um sentimento comum de que o país ofereça mais segurança e justiça para seus cidadãos. Muitas mães perderam seus filhos há anos e nem ao mesmo sabem se estão mortos ou sequestrados em algum lugar.
“Meu filho desapareceu há oito anos e durante todo este tempo não pudemos averiguar se ele está vivo ou morto. Amanhece, escurece e mantenho a esperança de receber uma boa notícia”, contou Carmen González de Vargas, cujo filho de 27 anos desapareceu em 2003.
“Tenho esperanças de que chegará o dia em que tudo mudará e caminharemos em direção à Justiça. Quero trabalhar de uma maneira incondicional na busca por Justiça, pela paz e pelo respeito aos direitos humanos, porque não temos que ser advogados para defender nossos direitos”, completou Elizabeth Cordero Mariño, que perdeu seu filho de 26 anos em 2005.
Exposição no Brasil
O trabalho do francês não é desconhecido no Brasil. Em outubro de 2008, o artista fez um trabalho semelhante ao realizado em Caracas no Morro da Providência, no Rio de Janeiro.
O projeto Women Are Heroes expôs durante alguns dias os rostos de mulheres que sofrem ou sofreram com a violência na região. Muitas das personagens reais expostas nas fotografias perderam filhos e outros parentes nos conflitos entre policiais e traficantes na favela.
“O projeto [de J.R.] trouxe muita vida à favela. Somos uma comunidade carente, completamente ignorante de arte. Todo trabalho artístico será recebido com esse imenso carinho. Quando vi as fotos pregadas, lá de longe, senti uma enorme satisfação. Nós, favelados, não somos nada. Só números: do CPF, do RG, título de eleitor. Quando um morre, morre um número. Por isso, é tão importante o que J.R. fez. Há muito tempo não acontece uma coisa como a que está acontecendo aqui hoje”, afirmou na época Aline Mendes da Silva, de 30 anos, uma das retratadas pela exposição.
As fotos de JR com as moradoras do Morro da Providência foram expostas na própria favela, nas paredes dos moradores. Pela exposição, o artista foi premiado com o prêmio da fundação TED (Technology, Entertainment, Design), uma organização voltada para cultura e inovações. JR também já expôs trabalhos semelhantes em Paris e Xangai.
Fonte: Opera Mundi
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